Diversos estudos já apontam para o excesso de individualismo crescente na cultura humana onde toda a expressividade humana fica reduzida apenas a emissão de emoticons ou “likes” que expressam um sentimento “congelado” datado através da operação tecnologia e gestual humana click.
O processo de individualismo na cultura humana já se apresenta há tempos, mas que no tempo atual ganha uma grande densidade por meio da tecnologia. Desde processos econômicos como o liberalismo, passando por John Locke, Adam Smith até chegar nos dias de hoje com os neoliberais como Friederich von Hayek e Ludwig von Mises, o crescente individualismo impulsionado por um mundo cada vez mais globalizado e integrado, permite ao ser humano estar conectado com todos, mas, de antemão, em muitos casos, não está conectado consigo mesmo.
Uma grande propagação e aumento como sintomas de depressão podem ser interpretados de diferentes formas. Um caminho possível é com o aumento do uso da tecnologia, o exacerbado individualismo, pode estar despertando quadros psicológicos de melancolia ou de desespero, de uma ansiedade generalizada com inúmeras possibilidades do que fazer, mas de fato, sem a resolução de nada, ficando tudo mal resolvido e descontrolado.
A sociedade nos dias de hoje, resultante de um modelo econômico extremamente desigual, o uso da tecnologia para o bem, mas mais para o “mal”, faz com que os indivíduos não socializem, troquem afetos, gestos, ficando assim limitados a um teclado e diversas “telas”.
Saudosismo a parte, mas como era bom esperar horas na fila de um parque de diversão para se aventurar em um brinquedo, ter uma sexta de happy hour com os amigos ou mesmo fazer um pique nique com a família aos domingos. A sociedade humana está doente e os afetos precisam se encontrar. “Quero assistir ao sol nascer, ver as águas dos rios correr, ouvir os pássaros cantar, eu quero nascer, quero viver. (Cartola).
Marcelo Cabral de Araújo