Será que uma pessoa pobre, preta, gaga, míope teria condições de ascender socialmente na vida? Carlinhos chegou lá, viveu seus sonhos e desapareceu dessa vida, vítima da violência.
Por Roberto Rodrigues
Salve Salve Freguesia!
Hoje estrear minha coluna no “Portal da Freguesia”, falando sobre uma das personalidades mais marcantes e conhecidas da Freguesia: Carlos Roberto de Jesus, a “Carla Verão”, uma das pessoas mais gentis que conheci até hoje.
Conheci Carlos Roberto de Jesus, o Carlinhos, nas domingueiras do Nacional Atlético Cub nos anos 80, onde íamos nos divertir no final de semana ao som das equipes da Magic, Matraka Trika e Alcyr Blackpower.
Por incrível que pareça era tímido, gago, tinha problemas de visão, mas esses “probleminhas” nunca o fizeram de desistir de seus sonhos em se tornar um artista. Carismático e extremamente educado, dançava muito, principalmente samba e ensaiava com frequência na pequena casa que morava com a mãe, perto do Largo da Matriz.
Com o amigo Robson Cerqueira
Era um sonhador e profissional dedicado e apaixonado pela Freguesia do Ó. Se tornou personalidade local por estar toda semana no Programa de Chacrinha, por quem tinha um carinho muito especial, não só pelo Velho Guerreiro, mas por toda sua família. Além de participar frequentemente do programa do Chacrinha, Carlinhos se apresentava nos shows que Chacrinha fazia em todo o país.
E depois de ter sua identidade revelada, Carla Verão chamou a atenção da imprensa nacional.
Apaixonado por Rita Cadillac, com quem tinha uma amizade, começou a se vestir como mulher e adotou o nome de “Carla Verão” e fez enorme sucesso em programas de televisão como Bolinha, Raul Gil, Gugu Liberato e Silvio Santos. Era incrível o relacionamento que tinha com a câmera, ele sabia como poderia gerar imagens de impacto e se preocupava de como as pessoas o viriam em suas casas. Era uma artista antenado. A visibilidade na mídia fez com que abrisse agenda de shows e começasse a se apresentar em casas noturnas do circuito LGBT em todo o Brasil e viajava muito. Muitas vezes parte de seu figurino era emprestado de Rita Cadillac, sua diva.
Uma vez me disse que a mãe havia deixado a casa onde viviam para as obras da igreja (ela era católica fervorosa) e que ele moraria ali até o dia que falecesse. Carlinhos, ou “Carla Verão” faleceu em 2005, no dia 05 de Outubro.
Texto do www.portaldafreguesia.com.br
